3ª idade, o tesouro português

Hoje á tarde, estava a ir para casa com a minha irmã, na "amadora city" (xD).

À nossa frente, ia um casal, na casa dos 50-60 anos de mãos dadas.

Já isto faz uma imagem bonita.

Nada mais poderoso, ou pelo menos precioso do que o amor na 3ª idade, quando já se sabe tudo sobre o parceiro e já se tem um longo álbum de fotografias cheias de história por trás.

Quando nos aproximamos do casal, ouvimos o senhor, ou seja o marido, a cantar... E o senhor cantava assim: "Estou alegre, alegre, porque tu estás alegre", ou uma coisa parecida. E por vezes a senhora, ou seja, a mulher, acompanhava-o nesta cantiga.

Noutra ocasião tinha-me rido, porque não é qualquer pessoa que tem a coragem para cantar no meio da rua. Mas isso não aconteceu.

A canção fez me lembrar as cantigas que normalmente as raparigas gostam de cantar na infância, pelo menos tinha o mesmo ritmo, e o entusiasmo com que era cantada, fazia com que uma simples canção, parece-se uma melodia harmoniosa. Além disso, o senhor cantava bem. Por isso, fiquei emocionada (sou muito sentimentalista como podem verificar =D)

Bem... isto tudo para vos dizer o que?

Nós, que somos jovens, nem metade da vida vivemos e já pensamos que sabemos tudo (sim, eu também sou uma dessas) e que com um pequeno obstáculo pensamos que é um muro inquebrável e nem o tentamos quebrar porque estamos mais preocupados com coisas mais fáceis, agora pensem...

Aquele casal, que já tinha vivido mais de meio século (e temos de ter em conta que a infância e adolescência não foi como a nossa, pois provavelmente foram vividas na fase da ditadura e em que não havia metade do que há hoje para não falar do resto), que já passaram por tantos castigos da vida, desilusões, alegrias, perdas, vitórias, que estão com as linhas marcadas na face de uma história gloriosa (pois ainda estão vivos) e muito mais que só os próprios sabem... A chegar aos dias de hoje, e a cantar, com a maior felicidade do Mundo, não nos torna miseráveis?

Meus caros, a mim, até me torna um bocado.  E sinceramente, espero chegar à idade deles com o mesmo espírito que eles.

Mas eu até os compreendo,

Aliás eu gosto de dizer que mais vale morrer a rir do que a chorar...

Ass: Marta